sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sozinho com 12 milhões de pessoas


São Paulo tem essa coisa louca: ao mesmo tempo que estamos cercado por milhões e milhões de pessoas, nos sentimos sozinho a maioria das vezes. A correria em que vivemos, as grandes distâncias, a sensação de vencer na vida, tudo isso nos afasta um do outro.

Aos poucos secamos por dentro e endurecemos como uma uva passa. Não sei se isso é algo exclussivo daqui, mas tudo tem sido tão fugaz, tão efêmero e tão rápido que você só lembra que tem que fazer, que ir, que conseguir chegar, sem saber onde vai dar o caminho que está percorrendo.

Somos obrigados a levar uma juventude inconsequente e descompromissada com a vida - não necessariamente com o trabalho - como se essa fosse a única forma de viver. Isso não passa de uma ditadura que não levará a lugar nenhum, apenas para longe de nós mesmos. Tomamos o caminho errado.

Temos tanta liberdade que não sabemos o que fazer com ela. São tantas as opções que perdemos o foco. Perdemos...

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

A prova dos sete


São Paulo teve, este ano, a campanha eleitoral mais limpa das últimas décadas. Quem andava pelas ruas da cidade não sentia que o país inteiro estava em eleições municipais. A lei Cidade Limpa definitivamente mostrou o seu vigor e sua razão de existir. As ruas continuaram belas e limpas, com um ar de dias normais.

Os políticos tiveram que se adaptar a essa nova realidade e aprender a discutir mais as suas propostas, ir no corpo a corpo com os eleitores e mostrar para o que veio. Sem outdoors, folders e faixas, São Paulo mostrou que é possível sim uma eleição sem maltratar e emporcalhar a cidade.

É bem verdade que alguns políticos tentaram burlar essa lei, distribuindo panfleto em alguns pontos menos vigiados da cidade ou buscando alternativas a ela, como selos em carros e bandeiras.

O importante disso tudo é deixar São Paulo limpa para os paulistanos vêem, enquanto os candidatos se engalfinham na Tv, no rádio, no jornal e na internet. Bom para a cidade, bom para nossos olhos.

domingo, 20 de julho de 2008

Água, Água, Água




Não está calor, mas está seco. Sinto minha garganta rasgando quando respiro... 20% de umidade, isso é menor do que o mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 30%. Acostumado com uma cidade litorânia, onde a umidade normal gira em torno de 60%, isso está realmente me incomodando.

A minha garrafinha de água não sai do meu lado, mas a garganta seca tão rápido que preciso beber de cinco em cinco minutos.

Já li, e também já me disseram, que agosto costuma ser ainda mais seco. Espero que não seja mais do que isso. O que me resta é acostumar e cuidar para não ficar doente. Já são 23 dias sem chover. Para mim isso é, no mínimo, diferente.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Firme aos 11ºC


Voltando a minha realidade de soteropaulistano.


Inverno em São Paulo, algo bem diferente do inverno baiano. Arrisco dizer que essa é a melhor época do ano aqui na cidade. Nada melhor do que andar pela rua bem vestido, com casacos e cachecóis sem se preocupar com a chuva que vai estragar o sapato e todo o visual.

Em Salvador a coisa é bem diferente. A chuva é algo constante no inverno. A temperatura também não é lá grandes coisas, chegando a no mínimo uns 21ºC, algo que para mim remete apenas a uma camiseta simples.

Este é meu primeiro inverno com cara de inverno. Tudo bem que não é o europeu, com neve, mas já é o suficiente para dar um charme a estação mais aconchegante do ano. Engraçado é que estou me acostumando com a temperatura baixa. Hoje eu já aguento andar de camiseta com temperatura de até uns 18ºC, algo impensável quando morava em Salvador.

O único problema aqui é a baixa umidade, resolvido com uma garrafinha de água que não sai do meu lado. Já estamos há 19 dias sem chuva, mas o céu azul, sem nenhuma nuvem dá ao inverno e a essa metrópole tudo o que essa estação deve ter: beleza.

segunda-feira, 31 de março de 2008

O Signo da Cidade


Ontem assisti, no cinema do Shopping Frei Caneca, O Signo da Cidade... Primeiro me deparei com uma coisa interessante: propaganda de livros antes de iniciar o trailer. Acho que em Salvador isso não daria certo porque a quantidade de público leitor é baixa - e o shopping em questão é freqüentado por pessoas mais intelectualizadas.

Mas voltando ao longa-metragem, gostei muito da forma com ele foi construído, da mensagem que quis passar - fora que minha priminha está atuando belíssima nele. O filme mostra sonhos, desejos e a solidão de alguns personagens numa cidade com 12 milhões de habitantes - São Paulo.

Ambientada por uma maravilhosa música de Caetano Veloso, Signo da Cidade vai além. Fala de destino. Muitas vezes acreditamos no que está escrito e não fazemos nada para mudar. Acho que as rédeas da vida estão em nossas mãos. Ela vai para onde a gente guia. São nossos desejos e sonhos que nos movem e nos fazem acreditar em um futuro melhor. Mas ele, o destino, existe. Nada é por acaso. Contraditório, mas isso é a vida.

Só não gostei da forma como a cidade foi retratada no seu aspecto físico. Não sei se isso foi proposital, mas acredito que sim. Quem assiste ao filme tem uma sensação que São Paulo é suja e muito perigosa. O centro antigo, infelizmente, não está conservado como deveria, mas passa longe da sujeira apresentada no "Signo". Quanto à violência, bem menor do que Salvador, por exemplo. Mas estamos falando de uma megalópole, assaltos, assassinatos e seqüestros acontecem, ainda mais aqui no Brasil.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Nos currais da Paulista

A Av. Paulista está em obras. O antigo calçadão de pedra portuguesa está sendo substituído por uma camada única de cimento e concreto. Eu preferia como estava antes. Claro que com uns ajustes básicos, como recolocar algumas pedras soltas e limpá-las com jato de água.

O chato nisso tudo é que por conta dessa restruturação foram colocadas barreiras para conduzir o pedestre. Eu chamo aquilo de curral. Só quem anda por lá entende. Às vezes parece um labirinto e chega a dar tontura.

O mais perigoso disso, e que acabou ocorrendo comigo e um amigo, é a facilidade para assaltos. Outro dia, às 22h30 - tudo bem, era tarde - estava passando por um desses currais e fui abordado por um pivete de uns 20 anos que estava com cara de muito cheirado. O pior é que não dava para correr para lado nenhum porque aquela maldita barreira impedia... Fiquei com uma raiva sem tamanho. Ainda bem que ele só me levou R$ 10.

Como a Paulista é enorme - e até agora fizeram no máximo uns 200 metros de calçada, essas obras devem ficar por lá até o final do ano.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Uma das primeiras coisas que observei quando cheguei para morar em São Paulo, a partir do dia 1º desse mês, foi que a cidade não é tão cinza, tão concreto como sua fama faz parecer. Se observarmos suas ruas, tanto no centro, quanto na zona oeste e sul, veremos alamedas arborizadas e bonitos jardins.

Há pontos altos da cidade onde é possível confirmar isso que estou dizendo. São locais que permitem uma visão paisagística única, com vistas que chegam a parecer matas fechadas, de tanta árvore que vemos no horizonte. Embaixo desses enormes campos verdes existem casas, muitas casas. Acho que a zona oeste reflete bem isso.

Claro que se olharmos através do google mapa veremos literalmente uma selva de pedra. Isso porque São Paulo possui poucas áreas 100% verdes e são poucos os terrenos baldios, predominando prédios na maior parte da cidade.

Como adoro orquídeas, percebi que aqui o ambiente é muito propício para elas, tanto que muitas árvores nas ruas possuem a planta agarrada aos seus troncos. Em alamedas onde predominam casas, os próprios moradores cultivam orquídeas em árvores que ficam em frente as suas residências.

É... em meio a tanto concreto também há vida.